Casa de Criadores: Le Benites reinventa o inesperado em coleção que celebra o desvio e o afeto

Na nova coleção de Le Benites, a passarela deixa de ser vitrine para se tornar encruzilhada. “Desfiluxo” não segue tendências, contesta. Em vez de buscar coerência visual, o estilista constrói um universo onde contrastes se abraçam: o confortável e o estranho, o frágil e o protetor, o passado afetivo e um futuro imaginado a partir dos escombros.

Peças feitas com materiais não convencionais, tecidos que parecem resgatados de lugares improváveis e acabamentos que revelam a mão do tempo se misturam em composições imprevisíveis. Cada elemento, mesmo o mais dissonante, carrega propósito. Aqui, imperfeição não é ruído, é linguagem.

Benites parte de uma visão onde a roupa não precisa apenas vestir, mas provocar, emocionar, fazer pensar. A coleção traz à tona a ideia de reconstrução como estética e filosofia: roupas que parecem ter sido remendadas após uma queda, mas com delicadeza. Há algo de ritual em cada camada, em cada escolha de textura, em cada detalhe aparentemente fora de lugar.

Mais do que moda, “Desfiluxo” propõe uma reflexão: como criar beleza em meio ao excesso, à pressa, ao colapso? Como resgatar sentido do que já foi descartado? A resposta de Le não está na lógica, mas na sensibilidade. Ele transforma restos em potência, caos em afeto, e convida o público a experimentar em vez de entender.

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